(METODOLOGIA PARA MUSCULAÇÃO E NÃO PARA FISICULTURISMO)
Este capítulo trata da montagem dos programas de musculação, ou mais especificamente da metodologia utilizada para essa montagem. Muitos autores abordam essas montagens em seus trabalhos, porém poucos tratam com profundidade o assunto.
Badillo e Ayestarám (2001) sugerem que uma seqüência adequada de exercícios permite um efeito maior do que se esses exercícios fossem realizados separadamente, e o tempo de aplicação de um método de trabalho é limitado pela permanência de seu efeito positivo dentro de um ciclo de treinamento.
Promover adaptações estruturais e fisiológicas no organismo dos executantes é um dos principais objetivos do treinamento de musculação, e a magnitude dessas adaptações é proporcional à demanda imposta pela carga de treinamento, em que todas as formas de progressão devem ser levadas em consideração para aprimorar, de forma racional, a carga de treinamento.
A carga de treinamento deve ser no mínimo suficiente para aprimorar o rendimento, e nesse sentido podemos encontrar grandes diferenças entre um iniciante no treinamento de musculação, um intermediário e um avançado, principalmente em relação a sua treinabilidade, ou seja, quanto mais alto for o seu nível de condicionamento físico, menor será a amplitude de sua resposta adaptativa ao estímulo. Dessa forma, deve existir uma preocupação grande em relação à estruturação de um programa de musculação, no qual a sobrecarga progressiva é um dos fatores decisivos para que o aluno tenha um bom desempenho, ou, em caso negativo, haja o aparecimento de muitas lesões.
1. Sugestões Básicas para Iniciar o Treinamento de Força Muscular
Bompa (2000) sugere que:
Antes de desenvolver a força muscular, se desenvolva a flexibilidade - a maioria dos exercícios de força, especialmente os que utilizam pesos livres, emprega larga amplitude de movimento ao redor das grandes articulações.
Antes de desenvolver a força muscular, se fortaleça os tendões e os ligamentos - o aumento da força muscular normalmente excede a capacidade de adaptação dos tendões e dos ligamentos; dessa forma, trabalhos com intensidades elevadas, de maneira prematura, ou em um curto período de tempo para adaptação, podem oferecer riscos aos sistemas de suporte.
Antes de desenvolver os membros, desenvolva o tronco - os músculos do tronco funcionam como uma unidade que proporciona estabilização e, mantêm o tronco fixo durante os movimentos de braços e de pernas.
2. Cuidados para a Montagem dos Programas
Para montar programas adequadamente, devemos primeiro realizar algumas relações que poderão interferir diretamente no sucesso do programa.
Dentre elas destacamos:
Aparelhos (máquinas) x Pesos livres
A utilização de aparelhos nos traz algumas vantagens em relação ao peso livre, assim como traz desvantagens. Temos como principais vantagens na utilização de aparelhos, a forma guiada e as trajetórias definidas que se tornam muito interessantes para praticantes iniciantes que apresentam dificuldade na coordenação do movimento, ou para praticantes mais experientes que treinam sozinhos (sem parceiro de treino), diminuindo o risco de lesão por não conseguirem realizar a repetição. Outro uso interessante está associado ao treinamento de potência, em que a velocidade de execução deve ser a mais rápida possível, sem a perda da eficiência.
Os pesos livres não apresentam essas vantagens, porém, devido à liberdade de movimento, oferecem uma enorme versatilidade, em que suas opções de exercícios são praticamente ilimitadas. Assim, podemos dar ênfase em porções musculares distintas e melhorar os níveis de coordenação motora específica, e por isso os pesos livres têm a preferência dos praticantes mais experientes.
Exercícios multiarticulares x Exercícios monoarticulares
Quando realizamos a montagem, devemos sempre ter em mente tanto os nossos objetivos como os do aluno (praticante), de modo que possamos utilizar os exercícios mais adequados para o programa.
Na execução de exercícios multiarticulares ocorre uma divisão do trabalho entre as articulações, o que promove uma tolerância a cargas mais elevadas e com uma intensidade de trabalho maior. Dessa forma, para treinar grandes grupos musculares em praticantes iniciantes, esta parece uma maneira interessante de escolher os exercícios, pois oferece menor risco de lesão e maior facilidade de execução.
A execução de exercícios monoarticulares - a não-divisão do trabalho com outras articulações - diminui a intensidade total, mas aumenta o estímulo na musculatura em questão, o que pode ser interessante para objetivos específicos, como veremos em um exemplo de montagem de programa associada à articulação adjacente.
Variabilidade
O treinamento de musculação tem uma natureza repetitiva, o que o torna muito monótono, dificultando o seu sucesso, mesmo porque após um determinado período de treinamento sem variações dentro de um ciclo, há uma estagnação dos resultados. A variação na escolha e na utilização dos exercícios é muito importante; portanto deve-se mudar os exercícios para os grupos musculares bem como a sua seqüência. Contudo, uma mudança muito rápida dos meios não permite obter rendimento; dessa forma, sugere-se mudanças mais rápidas quando os objetivos são gerais (praticantes iniciantes) e mudanças um pouco mais demoradas quando os objetivos são específicos (praticantes avançados ou em preparação para uma competição).
Grandes grupos musculares x Pequenos grupos musculares
De maneira geral, devemos realizar os exercícios primeiramente para os grupos grandes grupos musculares, seguidos por grupos médios, e somente ao final da montagem é que devemos realizar exercícios para pequenos grupos musculares. Isso se deve ao fato de que os pequenos grupos musculares têm uma tendência a atingir a fadiga mais rapidamente que os grandes, e, muitas vezes, os pequenos grupos musculares auxiliam os médios e os grandes na realização de seus trabalhos, o que nos leva a sugerir que em programas para praticantes iniciantes essa seqüência seria benéfica, assim como para alunos intermediários e avançados.
Número de exercícios por grupo muscular
Dependendo da fase de treinamento em que o praticante se encontra (iniciante/intermediário/avançado), podemos sugerir um número adequado de exercícios por grupo muscular. Em programas para iniciantes, não temos a necessidade de mais de um exercício por grupo muscular; já para intermediários, podemos trabalhar com dois exercícios; e para avançados, sugere-se realizar três exercícios para grandes grupos musculares e dois para pequenos ou quatro para grandes e três para pequenos, dependendo do intervalo entre os treinos para esse grupo muscular e da conseqüente intensidade de estímulo.
Montagem dos programas e Métodos de treinamento
Observamos com freqüência um confusão entre essas duas estratégias, mas elas são significativamente diferentes: montagem dos programas são as opções que temos para estabelecer a ordem seqüencial dos exercícios na ficha de treinamento, ou seja, a seqüência em que estão elencados para sua realização (por exemplo: alternada por segmente ou direcionada por grupo muscular, entre outros); métodos de treinamento são as opções que podemos ter para a realização do treino em função da montagem estabelecida, através da relação entre as variáveis do programa que são; números de grupos (séries), números de repetições, peso estabelecido, amplitude de movimento, velocidade de execução, intervalo entre os grupos e intervalo entre os exercícios (por exemplo: na montagem alternada por segmente, podemos aplicar os sistemas seriado, circuitado, agrupado, entre outros, e na montagem direcionada por grupo muscular, podemos aplicar os sistemas seriado, pirâmide, drop set, entre outros).
Divisão de programas
A divisão de programas acontecerá sempre que a sessão de treinamento for muito longa para ser realizada em um único dia. Podemos então dividir em dois, três ou mais programas distintos, mas sempre respeitando o intervalo adequado entre os estímulos para o mesmo grupo muscular. A determinação dos músculos que deverão fazer parte de cada programa depende da montagem deste, por exemplo: em uma montagem agonista/antagonista, os músculos peitoral maior e latíssimo do dorso precisam estar no mesmo programa; já na montagem direcionada por grupo muscular, normalmente eles estão em programas distintos. Vamos observar a seguir alguns exemplos de divisões. Tratam-se de divisões comuns, mas não necessariamente as mais interessantes.
48 a 72 horas de intervalo entre os estímulos
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Programa
A
Programa
B
Programa
A
Programa
B
Programa
A
Programa
B
---
Onde: Programa A: membros superiores; Programa B: membros inferiores e coluna.
72 a 96 horas de intervalo entre os estímulos
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Programa
A
Programa
B
---
Programa
A
Programa
B
---
---
Onde: Programa A: membros superiores; Programa B: membros inferiores e coluna.
ou
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Programa
A
Programa
B
Programa
C
Programa
A
Programa
B
Programa
C
---
Onde: Programa A: peito e tríceps; Programa B: costas e bíceps; Programa C: ombro e membros inferiores.
168 horas de intervalo entre os estímulos
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Programa
A
Programa
B
Programa
C
Programa
D
Programa
E
Programa
F
---
Onde: Programa A: peitoral e adutores do quadril;
Programa B: anteriores do braço e quadríceps;
Programa C: deltóides (parte clavicular e parte acromial)e tríceps sural;
Programa D: dorsais, trapézio, deltóide (parte espinal)e glúteo médio;
Programa E: tríceps braquial e posteriores da coxa;
Programa F: antebraço, anteriores da perna e abdome.
3. Cuidados Básicos de Montagem do Programa de Treino
Após as relações feitas, estamos prontos para sugerir algumas montagens do programa, que não são as únicas opções, porém as que nos parecem mais adequadas para um treinamento completo e progressivo. Seguindo essa linha, iremos propor as formas de montagem: alternada por segmento; localizada por articulação (agonista/antagonista e completa); associada à articulação adjacente; direcionada por grupo muscular; e mista.
Essas sugestões de montagem não irão respeitar a divisão de programas, e todos os grupos musculares poderão ser trabalhados, já que não levaremos em consideração o nível de aptidão física do praticante e o número específico de exercícios por grupo muscular.
Nessas propostas de montagem, não serão feitos exercícios para todos os grupos musculares, nem todos os programas que devem fazer parte do treinamento do praticante em cada fase, já que esses exercícios e programas devem ser individualizados. Estamos indicando as formas de estruturação, porém, o treinamento deve ser prescrito pelo profissional responsável pela sua preparação, sempre seguindo seus objetivos.
Alternada por segmento
Esta montagem é a mais utilizada em trabalhos circuitados e em programas para iniciantes. Isso se dá pelo fato da seqüência de exercícios ser realizada utilizando grupos musculares corporais diferentes.
No trabalho circuitado, essa montagem é interessante quando realizamos através do sistema de passagens e não do sistema seriado, por permitir um menor intervalo entre os exercícios, deixando, dessa forma, o treino mais dinâmico.
No programa para iniciantes, este tipo de montagem leva vantagem em relação aos demais por ser a forma de execução de menor dificuldade e por permitir um maior intervalo entre os estímulos nas articulações e nos músculos que assessoram o trabalho, não havendo, portanto, a necessidade de um grande lastro fisiológico.
Para a montagem, devemos seguir como regra básica a alternância entre as articulações trabalhadas: articulações que envolvam os movimentos dos membros superiores (escápulo-torácica/cintura escapular, ombros, cotovelo e punho); articulações que envolvam os movimentos dos membros inferiores (quadril, joelho e tornozelo); e articulações que envolvam os movimentos da coluna (intervertebrais), não necessariamente nessa ordem.
A seguir, apresentamos um exemplo de montagem:
Músculos Priorizados
Movimento Articular
Material Utilizado
Nome Popular
Peitoral maior
Flexão horizontal de ombro
Aparelho supino
Supino reto
Quadríceps femoral
Extensão de joelho
Leg Press
Leg Press
Reto do abdome
Flexão de coluna à 45°
Colchonete
Abdominal
Latíssimo do dorso
Extensão de ombro
Polia baixa
Remada baixa
Posteriores da coxa
Flexão de joelho
Mesa flexora
Mesa romana
Oblíquos Interno/
Externo (lado oposto)
Flexão de coluna
com rotação
Colchonete
Abdominal
com rotação
Deltóide (partes
clavicular e acrominal)
Abdução de ombro
Aparelho
de desenvolvimento
Desenvolvimento
Adutores do quadril
Adução de quadril
Cadeira adutora
Cadeira adutora
Oblíquos/Quadrado
lombar
Flexão lateral
de coluna
Polia baixa
Flexão lateral
Tríceps braquial
Extensão de cotovelo
Polia alta
Tríceps pulley
Glúteo médio
Abdução de quadril
Cadeira abdutora
Cadeira abdutora
Grupo eretor
da coluna
Extensão de coluna
Cadeira inversora
Hiperextensor
Bíceps braquial
Flexão de cotovelo
Halter peso fixo
Rosca simultânea
Tríceps sural
Flexão plantar
Pressão de sóleo
Panturrilheira
Localizada por articulação
Neste programa, as montagens podem seguir duas estruturas, chamadas agonista/antagonista e completa.
Na montagem agonista/antagonista, Field e Roberts (1999) sugerem que sempre que um exercício trabalhar determinado grupo muscular, o exercício seguinte deverá ser para o seu antagonista (ambos utilizando as mesmas articulações). Depois de trabalho o agonista e o antagonista, deve-se alternar o segmento corporal, e os próximos dois exercícios deverão trabalhar o agonista e o antagonista utilizando novas articulações. Na montagem completa, dado um exercício, todos os movimentos da articulação deverão ser explorados.
Bittencourt (1984) faz algumas considerações sobre este tipo de montagem de programas: o trabalho muscular fica concentrado em uma região, promovendo assim um maior fluxo sangüíneo para aquele local; a fadiga muscular localizada ocorrerá mais rápido em relação à montagem alternada por segmento; e ocorre uma dificuldade maior de realização das repetições iniciais devido ao fato de o grupo muscular trabalhado no exercício anterior promover uma frenagem involuntária do antagonista.
A seguir, apresentamos dois exemplos de montagem: um para agonista/antagonista e outro para completa.
Agonista/Antagonista
Músculos Priorizados
Movimento Articular
Material Utilizado
Nome Popular
Peitoral maior
Flexão horizontal
de ombro
Aparelho supino
Supino reto
Latíssimo do dorso
Extensão de ombro
Polia baixa
Remada baixa
Quadríceps femoral
Extensão de joelho
Leg Press
Leg Press
Posteriores da coxa
Flexão de Joelho
Mesa flexora
Mesa romana
Latíssimo do dorso
Redondo maior
Adução de ombro
Polia alta
Pulley frente
Deltóide (partes
clavicular e acrominal)
Abdução de ombro
Aparelho
de desenvolvimento
Desenvolvimento
Adutores do quadril
Adução de quadril
Cadeira adutora
Cadeira adutora
Glúteo médio
Abdução de quadril
Cadeira abdutora
Cadeira abdutora
Tríceps braquial
Extensão de cotovelo
Polia alta
Tríceps pulley
Bíceps braquial
Flexão de cotovelo
Halter com
peso fixo
Rosca simultânea
Tríceps sural
Flexão plantar
Pressão de sóleo
Panturrilheira
Tibial anterior/
Fibular terceiro
Dorsiflexão
Polia baixa
Dorsiflexão
Reto do abdome
Flexão de coluna à 45°
Colchonete
Abdominal
Grupo eretor
da coluna
Extensão de coluna
Cadeira inversora
Hiperextensor
Oblíquos/Quadrado
lombar
Flexão lateral
de coluna à direita
Polia baixa
Flexão lateral à direita
Oblíquo/Quadrado
lombar
Flexão lateral
de coluna à esquerda
Polia baixa
Flexão lateral
à esquerda
Completa Montagem para três articulações: ombro, quadril e coluna.
Músculos Priorizados
Movimento Articular
Material Utilizado
Nome Popular
Peitoral maior
Flexão horizontal
de ombros
Aparelho supino
Supino reto
Latíssimo do dorso/
redondo maior
Adução de ombro
Polia alta
Pulley frente
Latíssimo do dorso
Extensão de ombro
Polia baixa
Remada baixa
Deltóide (partes
clavicular e acromial)
Abdução de ombro
Aparelho
de desenvolvimento
Desenvolvimento
Íliopsoas/
Reto femoral
Flexão de quadril
Polia baixa
Flexão de quadril
Adutores do quadril
Adução de quadril
Cadeira adutora
Cadeira adutora
Glúteo máximo/
Posteriores da coxa
Extensão de quadril
Aparelho glúteo
Aparelho glúteo
Glúteo médio
Abdução de quadril
Cadeira abdutora
Cadeira abdutora
Reto do abdome
Flexão de coluna à 45°
Colchonete
Abdominal
Oblíquos/Quadrado
lombar
Flexão lateral
de coluna
Polia baixa
Flexão lateral
direita/esquerda
Grupo eretor
de coluna
Extensão de coluna
Cadeira inversora
Hiperextensor
Oblíquo interno/
externo - lado oposto
Flexão de coluna
com rotação
Colchonete
Abdominal oblíquo
Associada à articulação adjacente
Esta é uma forma de promover a pré-exaustão na musculatura trabalhada em um primeiro exercício. Isso se dá por ser um estímulo específico para a musculatura em questão, e no exercício seguinte, com o auxílio de outra(s) articulação(ões) e outros músculos, pode-se chegar a exaustão.
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Uma boa notícia para os 29 milhões de hipertensos no Brasil. Pesquisa na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP comprovou que a caminhada reduz a pressão arterial na primeira hora e essa queda se mantém nas 24 horas subsequentes. Segundo dados das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, são 27 milhões de hipertensos com mais de 18 anos e 2 milhões de crianças e adolescentes que enfrentam o problema.
Após uma única sessão desse exercício aeróbico, na média, a pressão arterial sistólica (valor maior, quando o coração se contrai bombeando o sangue) caiu 14 milímetros de mercúrio (mm Hg) e a pressão arterial diastólica (valor inferior, quando o coração relaxa entre duas batidas cardíacas) caiu 4 milímetros, ou seja, de 13 por 9, por exemplo, passou para 11 por 8. Vinte e quatro horas depois essa pressão continuou reduzida em 3 milímetros na pressão sistólica e 2 milímetros na diastólica.
Os resultados desse estudoResposta ao exercício aeróbico agudo em idosos independentes vivendo em uma área urbana do Brasil, mestrado da fisioterapeuta Leandra Gonçalves Lima, deram o primeiro lugar no prêmio Pemberton, Coca-Cola, para a sua autora. A premiação aconteceu no início do mês de outubro em São Paulo e a defesa da dissertação está marcada para o final deste mês. O trabalho de Ribeirão Preto concorreu com outros 139 de 63 diferentes universidades e centros de pesquisa de todo o Brasil.
A pesquisa teve início em fevereiro de 2007 e terminou em julho de 2009. Foi avaliada uma amostra da população cadastrada nos Núcleos da Saúde da Família de Ribeirão Preto, que estão na área do Centro de Saúde Escola da FMRP, com idade entre 60 e 75 anos. Inicialmente foram selecionados 10% dos idosos como amostragem representativa, cerca de 100, mas somente 23 incluídos na pesquisa. Os participantes realizaram uma sessão aguda de 40 minutos de caminhada, seguida de uma sessão de repouso também de 40 minutos. Os resultados apontaram que a redução é mais expressiva naqueles com pressão arterial elevada e menor naqueles com pressão arterial normal.
O diferencial desse estudo, segundo Leandra, é o fato de ter sido analisado o impacto do exercício aeróbico em pista, na modalidade caminhada, enquanto até agora todos os trabalhos descritos na literatura terem sido realizados em esteira e bicicleta ergométrica.
Medicamentos
Ainda, segundo Leandra, o uso crônico do exercício pode levar à diminuição gradativa e até ao não uso de medicamentos para os hipertensos leves e, ainda, como método coadjuvante no tratamento com medicamentos nos casos mais graves. “Os efeitos desse estudo sobre a população geram um resultado imediato e positivo no paciente com pressão alta e promove uma enorme conscientização quantos aos benefícios do exercício naqueles que não apresentam níveis elevados de pressão. Com isto, o gasto financeiro com medicações tende a diminuir e a qualidade de vida melhorar.”
Para a orientadora da pesquisa, professora colaboradora da FMRP, Nereida Kilza da Costa Lima, é interessante essa comprovação, pois foi testado um tipo de exercício viável a qualquer pessoa, pois boa parte dos idosos brasileiros não tem acesso a academias de ginástica onde são comuns as esteiras e bicicletas ergométricas.
Já para o presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, professor Fernando Nobre, esse estudo comprova, mais uma vez, os benefícios do exercício físico nos pacientes com hipertensão arterial e como prevenção nos normotensos, aqueles com pressão arterial normal. “Nas diretrizes americanas para o tratamento da hipertensão arterial está estabelecido que atividades físicas por 30 minutos, pelo menos, de 3 a 5 vezes por semana podem reduzir a pressão arterial máxima de 4 a9 mm Hg. Vejo nesse estudo uma grande contribuição para reafirmar a necessidade de práticas regulares e apropriadas de atividades físicas, na população em geral e na de idosos em particular”, afirma.
Segundo o médico e geriatra Eduardo Ferrioli, professor da FMRP, que participou do estudo, a pressão arterial é uma das doenças de maior prevalência entre os idosos, chegando a quase 50%.
“Apesar de atualmente haver uma mudança da postura dessa população, resultante de campanhas de incentivo à prática de exercícios físicos e recomendações dos profissionais de saúde, essa pesquisa mostra que uma pessoa pode não depender só de medicamentos para combater a hipertensão, uma simples caminhada pode resolver o problema.” Outro aspecto apontado pelo professor Ferrioli como importante é a certeza de que a mudança no estilo de vida pode ajudar no controle da hipertensão arterial, ou seja, uma postura mais positiva em relação à saúde só contribui para uma melhor qualidade de vida.
O trabalho foi desenvolvido no programa de pós-graduação em Clínica Médica. Teve a colaboração de Iara Anunciato, Fernanda Jatte, Eduardo Ferriolli e Julio César Morriguti.